quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Passo a passo

Uma vez dentro de um novo projeto é impossível evitar expectativas. Dentro do projeto Pés? a palavra expectativa consegue resumir muita coisa, até porque ela vem de todos os lados. Vem do lado dos professores que estão tendo uma experiência única em contato com pessoas portadoras de necessidades especiais, que às vezes nos fazem questionar, inclusive, se quem realmente tem uma necessidade especial não somos nós. Vem do lado das alunas, que mostram dificuldades mas, que ouvem de nós a promessa de que isso é possível (quer causar mais expectativa em alguém do que prometendo algo que nem todo mundo consegue prometer?). E vem do lado dos pais que acompanham tudo de perto e que esperam que a gente faça pelos filhos deles o nosso melhor.

A princípio, a idéia de ensinar teatro/dança para portadores de necessidades foi um tanto assustadora, mas depois que se define melhor os conceitos do que é teatro/ator, e o que é dança/dançarino, percebe-se que não é tão difícil assim. Gosto muito de uma definição de Augusto Boal quando ele fala sobre o Teatro do Oprimido. Ele diz: “Todos os seres humanos são atores, porque agem, e espectadores, porque observam. Somos todos espect-atores.” Ou seja, esses alunos já são, por natureza, atores, e a nossa função enquanto professores é apenas fazer as marcações necessárias, criar as cenas e ensaiar.

Já no lado da dança, podemos definir, de uma forma bem resumida, que dança é se movimentar ao som de uma música, sem restrição do tipo de movimento que se vai fazer. Ora, se nossos alunos têm movimentos (mesmo que nem todas as partes do corpo se movam), eles já podem dançar, basta que a gente escolha a música e a coreografia que esteja de acordo com os movimentos que eles conseguem fazer. Ou porque não o desafio de um movimento que eles ainda não conseguem, mas podem vir a desenvolver?

Claro que quando estamos apenas falando é tudo muito mais fácil do que quando estamos realmente praticando os exercícios. Mas facilita muito quando a gente percebe que está lidando com pessoas que não esperam apenas o resultado final para julgar se o caminho deu certo, mas que enxergam, em cada passo atingido, uma vitória.

Um comentário:

  1. Acreditar no potencial de uma pessoa, seja ela deficiente ou não já é o primeiro passo para dar certo qualquer projeto. Por isso o projeto Pés?, já nasce dando certo.

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