terça-feira, 14 de junho de 2011

Locomover, comover, mover

Para que serve o corpo? Para que serve o gesto? O que é gesto? Não acredito que exista uma única resposta para essas perguntas, assim como também acredito que essas são apenas as primeiras perguntas que estão surgindo nessa caminhada de entendimento do próprio corpo. Digo entendimento do próprio corpo por ser esse o primeiro passo que considero que se deva tomar quando a proposta é ensinar alguém, que não tem todos os movimentos do corpo, a dançar.
Todos temos limitações, mas alguns apresentam limitações maiores que outros. Para entendermos a limitação do próximo não adianta que alguém a descreva para nós, temos que sentir no nosso corpo essa limitação para começarmos a entender a situação do outro. Então, começamos a entender quem não tem pé quando tentamos andar sem mexer os pés, quem não tem os braços quando tentamos nos movimentar sem utilizar os braços, quem não tem pernas quando tentamos andar sem usar as nossas, e assim por diante.
Ao nos imaginar fazendo isso, a primeira coisa que vem a mente é a dificuldade que vamos ter para nos locomover ou para fazer qualquer movimento. Mas depois que realmente tentamos fazer essas coisas percebemos que a real dificuldade está em perceber se realmente consiguimos deixar aquele membro parado ou se, sem perceber, acabamos mexendo um pouco.
Todos os nossos movimentos já são tão naturais que os executamos expontaneamente, sem pensar de onde parte o movimento. Quais partes do corpo usamos para beber água? Qual dedo toca primeiro o copo? Eu preciso das duas mão para encher o copo de água? Se não pararmos para nos observar não saberemos responder a origem desse movimento. Agora, como ensinar alguém a beber água sem saber, exatamente, quais os movimentos são necessários para se segurar o copo? Como ensinar alguém a a se movimentar sem saber de onde surgem os seus movimentos?
É preciso primeiro ter conhecimento do próprio corpo.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Sem apoios

Foi difícil se locomover sem os apoios que utilizo todos os dias para ficar em pé e exercer minhas atividades diárias. Sem uso dos pés, sem o apoio das pernas e sem ter que sentir o quadril, é algo que pelo menos pra mim foi bem difícil porque sem perceber você acaba usando o que na verdade nem teria função. Tentar ficar em plano médio sem tencioná-los foi difícil porque quando pensava que estava dando certa percebia que os membros inferiores estavam me ajudando por mínimo que fosse a ajuda, o que me induzia ao erro, mas quando percebia parava e tentava de novo, o que permite encontrar outras possibilidades, a repetição pode nos trazer isso. Só consegui quando utilizei as colunas e então com a força de um dos braços segurei-as e me arrastei até o plano médio. Não imaginava que fosse tão difícil não utilizar certos apoios, tinha em mente que era cansativo, mas não que era tão difícil, mas isso faz parte quando queremos novos desafios e encontrar possibilidades.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Como dança quem não dança?

Dance.
Sinta.
Experimente.
Arrisque.
Erre.
Recomece.
Caia.
Levante.
Role.
Tropece.
E caia de novo.
TRADUZA.

A dança possibilita o contato com universos distintos de sensações e emoções, e mais, possibilita conhecer o nosso próprio universo. Assim sendo, a dança se constrói como importante fator de autoconhecimento, limitações e superações. Mas como lidar com nossas próprias limitações? Reconhecê-las sem que ninguém precise nos mostrar, e assim, enfrentá-las e vencê-las.
Dançarina desde pequena, as formas “engessadas” propostas pelas mais variadas danças se interiorizaram e disseram que era assim que se dançava. Mas algo ainda faltava... Aquele pozinho mágico, quem sabe um chantilly? E foi então que compreendi a essência da dança. Aprendi que a dança não se ensina, se sente. Que a dança não é composta por formas, e sim por gestos. Que a dança não é dança, pura e concreta, é expressão da alma. Hoje, as experiências propostas são viáveis, uma vez que se compreende a dança como expressão. E se eu não tenho um braço? Ou se minhas pernas não funcionam? Ou ainda, se eu não vejo ou escuto? “Como dança quem não dança?” E a resposta é simples: DANÇA!
Entre desafios e superações, as sensações reais vivenciadas nos últimos tempos foram bastante significativas e construtivas. Sentir sem “roubar”. Manter o foco no “não-funcional”, pois aquilo que funciona já é conhecido. Destreza. Sensibilidade. Frustrações. Sorrisos. E neste misto de sentimentos, uma única verdade: a dança é possível e real, e abraça a todos aqueles que querem, em seu íntimo, dançar.

domingo, 5 de junho de 2011

Se pergunte!

Para que servem asas senão para voar?
Para que servem bocas senão para falar?
Para que servem pés senão para andar?
Como dança quem não dança?

quinta-feira, 2 de junho de 2011

ACESSIBILIDADE: O Próprio Nome já Diz


Acessibilidade, tornar acessível alguma coisa para todos, mas o que vemos é que nem todos se sentem no "direito" desses acessos, simplesmente porque muitas vezes nem existem. Acessar é entrar, usufruir, exercer direitos e ate deveres. O que será da sociedade se cada vez mais limitar os espaços? Aonde esta a dignidade do individuo? Todos nós temos direitos. É interessante quando pensamos em IR e VIR. Quantas pessoas vão e quantas voltam? Dessas pessoas que vão e voltam, quantas tem algum tipo de deficiência? Dessas que tem deficiência, quem olha por eles? Alguém olha? Creio eu que muitos se sentem só, por simples coisas do cotidiano, como não conseguir entrar em um ônibus porque suas pernas são as rodas de uma cadeira. Imagino o quão difícil seja não enxergar, não andar, não ouvir, não falar. Não há nada de errado nisso, o que nos falta? Falta-nos a coragem pra assumir que somos pequenos diante de tantas coisas. Queria eu poder ter acessibilidade para tornar acessível o essencial pros meus amigos que se sentem injustiçados. Não quero demonstrar tristeza em minhas palavras, o que quero é demonstrar realidade. Todos falam em lutar por alguma coisa, mas muitos fogem a luta. Porque não tentar mesmo fracassando? Porque não ir mesmo sem a esperança de voltar? Será relativo? Porque há indiferença na sociedade? Pra compreender é preciso perguntar e cada vez mais que se pergunta mais nos vemos enrolados em mais perguntas. Então vamos deixar de lado os porquês e tentar fazer algo diferente ou continuar o que já esta sendo feito. Vamos vestir a camisa e lutar pelo que acreditamos. Todos nós somos iguais, ninguém se torna melhor pela cor, pelo dinheiro, ou porque se julga "normal" sem defeitos. Acessibilidade é poder conquistar o que se quer e para isso não se pode encontrar limites, não se pode encontrar apenas escadas e nenhuma rampa, não se podem escrever textos apenas por meios comuns, é preciso ler com os dedos, com as mãos. Então meus caros, acessibilidade, é não ter impedimento nenhum, de nenhum tipo, é viver sem o receio de ser impedido na próxima estação. VIVA! ACESSE!