terça-feira, 31 de maio de 2011

Acessibilidade

Em se tratando de dança, movimento, expressão e arte aliados e entrelaçados com a deficiência (deficiência essa que deve ser encarada não apenas como disfunções físicas, mas tudo aquilo que nos limita, de alguma forma, a desempenhar ou desenvolver ações e atividades) há que se pensar em quais serão as dificuldades encontradas neste trabalho, e como, de forma eficaz pode-se facilitar este processo. "A República Federativa do Brasil fundamenta-se constitucionalmente, entre outros, no princípio da dignidade humana e tem objetivos como a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, e a redução das desigualdades sociais e regionais. Estabeleceu, assim, o legislador constituinte de 1988 as bases axiológicas do texto magno, reafirmando o antigo princípio liberal da Revolução Francesa: a igualdade de todos perante a lei (artigo 5º, caput). [http://www.ibc.gov.br/?itemid=108]". Assim, a busca por direitos iguais vem ganhando força e a luta dos deficientes para conquistarem seus espaços na sociedade vem se fazendo mais presente a cada dia. O termo ACESSIBILIDADE começa a surgir, e com ele a necessidade de se codificar e padronizar suas bases, legitimizando-a. Em 30 de junho de 2004 a Norma Brasileira de Acessibilidade (ABNT NBR 9050) é validada, e nela todo e qualquer tipo de adaptação, física ou estrutural, mobiliária, edificial, espacial e de equipamento urbanos é organizada a fim de que os locais se tornem acessíveis para o maior número de pessoas, deficientes ou não. Tendo em vista que acessibilidade pode ser definida como sendo a "possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento para a utilização com segurança e autonomia" [ABNT NBR 9050] de locais públicos e privados, e que tornar-se acessível é possibilitar tanto o acesso físico quanto o de comunicação, torna-se evidente a necessidade desse olhar diferenciado para trazer o deficiente de forma mais integral para as ruas, fazendo-o participar ativamente da sociedade e possibilitando a criação de redes sociais mais fortes. Em suma, é preciso que o direito de ir e vir seja válido para todos, e só assim, a sociedade em geral, e de forma mais igual, poderá usufruir de maneira satisfatória e completa desse mundo que os rodeia.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

A arte que desafia limites



A arte que desafia limites
Projeto de extensão do Instituto de Artes vai ensinar dança e teatro a pessoas com dificuldades de locomoção
Hugo Costa - Da Secretaria de Comunicação da UnB

Pessoas que perderam o movimento das pernas podem dançar? Podem. Um projeto de extensão do Instituto de Artes (IdA) pretende criar números teatrais e coreografias para pessoas com deficiências de locomoção. A ideia é usar métodos tradicionais consagrados para a composição dos movimentos. “Uma amiga ficou tetraplégica e percebi, em seu tratamento, que havia muitas atividades esportivas para essas pessoas, mas pouca oferta de opções na dança e no teatro”, diz o idealizador da ideia, Rafael Tursi, aluno de licenciatura em Artes Cênicas.
Inédito na Universidade de Brasília, o projeto "Pés?" oferecerá dez vagas para interessados do Distrito Federal e do Entorno. Alunos da UnB poderão ter acesso a bolsas e créditos.   
“O nome do projeto com a interrogação é justamente para questionar a necessidade dos pés para a expressão da arte”, explica Rafael. Ele quer trabalhar movimentos de arte e dança para pessoas com diferentes tipos de barreiras de mobilidade. “Não precisam ser necessariamente cadeirantes. Qualquer pessoa com deficiência que impossibilite a locomoção pode desafiar seus limites e participar”, garante.
As aulas do Pés? serão ministradas com base na Análise Laban do Movimento. O método segue os passos da teoria do coreógrafo e filósofo da dança húngaro Rudolf Laban, conhecido como o pai da “dança-teatro”. Nesse sistema, a intenção é relacionar os elementos corpo, esforço, forma e espaço adaptados às limitações de cada aluno. “Estudei bastante sobre Laban. O desafio agora é adaptar o método aplicado a pessoas ditas normais ao ensino dos deficientes”.  Os encontros iniciais serão dedicados à expressão corporal e à prática da dança. Gradualmente, explica Rafael, os textos de teatro serão incorporados.     
BOLSAS - As inscrições para o projeto vão até o dia 15 de maio. Alunos da UnB interessados em bolsas de estágio de R$ 360 e em créditos (quatro) para graduação precisam se inscrever até quinta-feira. As aulas têm início previsto para este mês e devem seguir até dezembro. “Tenho interesse muito grande em participar. Acho importante porque também é uma forma de me exercitar”, diz José Roberto Vieira, aluno cadeirante do curso de Serviço Social.
“Como todos os seres humanos, os deficientes também gostam de dançar”, completa. O projeto prevê também uma vaga de monitoria para um estudante sem deficiência física. O prazo para concorrer ao posto é o mesmo do estabelecido para a concessão de bolsas. Ao final do curso, o grupo fará apresentações na universidade com direito a mesas para debates e discussões.
Fonte: UnB Agência

Criando Movimentos

A criação de coreografias a partir da perspectiva do movimento de Laban é comumente vista no âmbito da dança em todo o mundo, porém, no Brasil, é ainda pouco recorrente na sistematização do trabalho teatral, Luciana Lara diz que isso acontece devido ao desenvolvimento na dança moderna, mas que “suas idéias [de Laban] vem sendo usadas em métodos de treinamento do artista cênico desde o início do desenvolvimento de sua teoria, em consonância com as concepções de que não há divisão entre dança e teatro, corpo e mente, movimento e texto.” (LARA, 2005). Laban pensou o corpo como corponectivo (RENGEL, 2005), corpo e mente juntos. North (1973) demonstra a diferença que Laban fazia entre os termos corporal e físico. “Ação Corporal é a ação que compreende um envolvimento total da pessoa, [integrando os lados] racional, emocional e físico. Ação Física, é a ação que compreende a função mecânica do corpo.” (NORTH apud RENGEL, 2005, p.23)1. A relação de todos esses elementos permite o estudo do movimento humano. 1 [North, M. – Moviment education – child development though body motion. New York: E.P. Dutton & CO., INC., 1973]